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 [ORIGINAL] Memórias de um demônio

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AutorMensagem
Miiko Kokigime

Miiko Kokigime


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[ORIGINAL] Memórias de um demônio Empty
MensagemAssunto: [ORIGINAL] Memórias de um demônio   [ORIGINAL] Memórias de um demônio EmptyTer Mar 15, 2011 12:53 am

Titulo:Memórias de um demônio
Categoria: Conto
Genero: Romance, um pouco Darkfic
Aviso: Descrição de cena de sexo e TWT
Notas da Autora: como estou sem tempo, vou deixar sem formatar como as outras desculpem mas é que meu tempo no pc esgotou e a minha okaa-san tah me enchendo o saco pra eu sair. Beijinhos da Otaku Fujoshi Ficwriter mais kawaii que vocês conhecem ;-*

Memórias de um demônio



Capitulo Unico

Com meus olhos vermelhos, já sem cor, eu vejo seu medo... Aqueles olhos azuis já não reluziam o mesmo prazer... Por que, senhor, deixas tantas vidas a encarnar em um mundo de podridão e sofrimento como este... As horas que rezei em seu nome não foram o bastante para livrar-me de meus pecados, o qual, não sei por onde os fiz... Agora, abandono esta vida, dou-me de bandeja ao abismo, livrar-me-ei desta frívola vida que tenho... Deixe-me sugar-lhe até a alma, e quando já não tiveres mais vida volte aos meus braços e farei com que veja a humanidade miserável em que vivemos... Deixe-me lhe mostrar o medo como mostrei a eles... Aquele que vi da sacada da janela de meu quarto... Aquele que, um dia, com uma estaca, vi perfurarem-lhe o peito...
Ouvi batidas na porta de meu quarto, fechei o livro que lia, e sem sair da cadeira onde me sentava, pedi que entrasse. Num sussurro baixo perguntei o que desejava, ele me encarou por alguns segundos, queria saber o que eu pensava... Esses cinco segundos foram o bastante para ele decifrar o que eu acabara de fazer... Seus passos ecoavam pelo quarto enquanto se aproximavam de onde eu estava. Eu não havia movido um músculo, ele se ajoelhou e deitou seu rosto em minhas pernas deixando que algumas mechas de seu cabelo caíssem sobre o rosto. Elevei minha mão do braço do sofá e a depositei na cabeça dele, fazendo um leve carinho. Ele me dizia que não pensasse mais naquele homem, que ele havia muito me feito sofrer e que agora eu o tinha e que ele nunca ma abandonaria... Tal como todos sempre diziam, mas a falta daquele ser me havia tirado todo o prazer... O suicídio era a única opção viável? Não, eu já o tinha feito quando ainda era pega pela inocência da existência de um céu...
“Yeva... Está na hora...”.
“Sim... Está...”.
Ethel se levantou, e junto com Zaynab saíram do meu quarto. Fiquei ali mais algum tempo, quando vi a primeira fresta de luz adentrar ao recinto, caminhei, como um negro gato, até meu exílio... Deitei-me lá, onde havia macios acolchoados vermelhos de detalhes em ouro. Estava como uma boneca de porcelana, sem nenhuma expressão... Meus olhos vermelhos já sem cor olhavam o teto que estava a dois palmos e meio de distancia do meu rosto. E quando finalmente os fechei, entrei em sono profundo onde não se sonha, não se respira, não se vê o tempo passar, não se envelhece nem rejuvenesce, um lugar onde não se vive...
O tempo passou e novamente eu acordo em um vazio caixão de lembranças... Aquelas que vinham a minha mente a cada novo por do sol...
Desta vez não me levantei, Ethel como sempre iria a meu quarto a minha procura e encontrar-me-ia sentada na mesma cadeira, lendo o mesmo livro e imersa nas mesmas lembranças que venho tendo durante estes mais 100 anos que se passam tão rápido para mim... Parece que foi ontem que, pela primeira vez, eu comprei meu vestido de lindos babados rosas e laços de cor lilás... Corria ate minha mãe dizendo que aquele era o mais perfeito vestido de toda a cidade, que em lugar algum eu encontraria outro mais magnífico... Qual foi meu espanto de vê-lo com uma outra garota em um baile, que ao chegar a casa rasguei-o, cortei-o em vários retalhos... Talvez fosse este meu primeiro erro... Desejei tanto que aquela garota morresse, queria que ela desaparecesse e, dois dias depois a pobre garota fora assassinada bem na minha frente e não derramei uma sequer lagrima... Fiquei sorrindo, um sorriso tão perverso e sádico que minha própria mãe assustara com aquilo, afinal, antes daquele baile éramos amigas... Esta foi minha primeira decepção, e não seria a ultima... Minha mãe veio confortar-me pela morte de minha ex-amiga, fui tão rude com ela... Eu já não era aquela gentil e dócil moça, pelo menos, não naquele momento...
“Nós vamos comer você vem?”
Eu me desfiz em um grão de areia a apareci ao lado de Aires, meus caninos já grandes e meus olhos vermelhos reluzentes mostravam que eu estava pronta para caçar. Encontrei o restante dos moradores da minha casa na porta, à minha espera. Eu sorri dando inicio a uma longa noite onde meu desejo incessante por sangue se esvaia a cada pescoço que eu perfurava com minhas belas presas e meu vestido banco sujo de sangue.
Lembrei-me que fora em uma destas noites que o encontrei, o homem pelo qual me apaixonei pela primeira vez... Eu estava sentada à mesa quando ele veio tirar-me para dançar, estendendo a mão cordialmente até mim, eu repousei a minha na dele e rapidamente ele me levou ao centro do salão. Eu estava nervosa, podia sentir o calor dele sendo transmitido para mim, aquilo me excitava demasiadamente. Não era normal uma moça de 16 anos de idade pensar desta forma, mas como sempre, eu estava à frente de meu tempo... Para mim existia apenas eu e ele ali, entretanto a musica acabara, a magia se fora, e ele me deixou ali, sem nem mesmo saber seu nome ou quem era...
Procurei incessantemente com os olhos aquele fantasma em todo o salão de festas, porém não pude revê-lo tão cedo quanto esperava... Passaram-se quatro anos desde nosso ultimo encontro, e fiquei chocada quando descobri que ele havia se casado, não chorei nem me entristeci; durante este meio tempo ouvi vários boatos sobre ele, e eu estava disposta a persuadi-lo a deitar-se comigo; por uma, duas ou três noites estive observando-os. Os boatos realmente eram verdadeiros, ele flertava com todas as mulheres do bar e mesmo na presença de sua mulher como naquele dia... Eu estava só quando eles se aproximaram de mim, Sr. Thierry Vallent e Lady Haidee Vallent.
Não fiquei surpresa, afinal de contas uma conversa produtiva com a Marquesa Valentina Swann renderia um elevado nível perante os outros nobres do parlamento britânico. Ela conversava comigo como se quisesse ser minha amiga, enquanto eu devorava seu marido com os olhos recebendo um receptivo, mas surpreso, olhar de desejo. Ao final, me despedi deles e voltei à minha mansão. No outro dia, todos comentavam sobre nosso encontro no bar, e então eu o encontrei na rua.
“Bom dia, Sr. Thierry.”
Ele me olhou intrigado, como se quisesse uma explicação do que eu fizera ontem, ou talvez fosse aminha impressão.
“Nós já não nos vimos antes, Marquesa Swann?”.
Eu sorri sensualmente para ele.
“Mas é claro que sim, Sr. Thierry, no bar ontem... Tivemos uma conversa... Consideravelmente agradável, eu diria...”.
“Não, quero dizer antes.”.
“Antes... Não que eu me recorde... Mas se for de seu interesse, poderíamos nos conhecer melhor...”
Eu me aproximei dele sensualmente, novamente ele me olhou intrigado.
“Ora Sir. Thierry, o que o leva a pensar que já nos conhecíamos antes? Garanto-lhe que não sou umas das muitas que já deitarem em sua cama... Pelo menos, não ainda, afinal, se fosse eu, você se lembraria claramente...”.
Afastei-me dele, tomando uma distancia considerável, não faria bem a minha reputação que eu ficasse muito perto dele, afinal, o galanteador Thierry não era muito bem falado, diferente de mim, que apesar de alguns boatos difamatórios, não havia nenhum que sujasse meu titulo.
Fui-me embora, deixando-o perplexo pelas minhas ultimas frases, eu não era uma santa, tinha que admitir, já havia dormido com vários homens, meu futuro marido sabia disso, entretanto, eu apenas desejava telo na minha cama para provar deste insaciável desejo carnal que eu era acometida a cada vez que me lembrava de sua face.
Não era amor, não, eu me amava demais para desejar algo tão desprezível e miserável como aquele homem, eu apenas queria senti-lo dentro de mim...
Enquanto eu me lembrava desta rápida e singela passagem, perdi a noção da racionalidade e suguei com tanto ardor o pescoço daquela pobre presa, que a mesma nem conseguiria voltar à vida como o demônio que sou. Quando parei, ela estava totalmente seca, em meu vestido não havia uma mancha de sangue, o que não era de costume. No entanto, eu ainda não estava totalmente saciada, eu precisava de mais, porém, para mim, o tempo já estava acabando logo o sol nasceria e eu deveria voltar para meu caixão. Mas não o fiz só, levei comigo um corpo de uma mulher para que eu me deleitasse em seu sangue escarlate enquanto ela agonizava de dor. Não que eu quisesse voltar para meu descanso, mas para nós, era puro instinto, caso não voltássemos não poderíamos mais voltar à “vida”. Muitos já haviam tentado o suicídio desta forma, entretanto nós voltávamos inconscientemente e só nos dávamos conta quando já era outro dia, ou melhor, outra noite. Éramos obrigados a viver presos à escuridão, onde somente a lua iluminava o negro céu noturno que ligava-nos, a todos nós. Já se haviam completado cem anos desde que os outros se juntaram a mim, todas minhas antigas presas que não conseguiram passar pelo ínfimo processo de redenção e ao chegarem à porta do inferno, foram expulsos por seu senhor, vieram em busca de abrigo em meu palácio. Eu o cedi, e em troca eles me serviriam eternamente, ate que eu os libertasse deste lamurio permaneceriam ao meu lado. Com o tempo, eu já os disse que podiam sair, todavia minha surpresa foi que eles não quiseram, disseram que pereceriam ao meu lado. Admiravam-me... Admiravam-me por eu ser fria, meu poder ultrapassava os deles. Eles queriam ser como eu era. Que lastima, mas isso seria um elogio perto a nós, afinal de contas demônios que roubam à vitalidade de outros para sobreviver, como se admirar isso.
Na outra noite o cadáver estava morto ao meu lado, rapidamente tiraram-no dali. Eu saio de meu confortável exílio sedenta por sangue, fora tão instintivo que eles até se assustaram, desde que eu havia renascido, eu não sentia tanta fome. Isso era sinal de que algo mudava em mim? Não, eram apenas lembranças que me vinha à mente daquela prazerosa, mas decepcionante noite com Sir. Thierry.
Estávamos em um quarto de hotel, eu já devidamente sem roupa e ele também. Ele me devorava com os olhos e eu fazia o mesmo, nossa noite estava apenas começando.
Eu não era destas mulheres que deixavam tudo para o homem descobrir, eu gostava de dominar a situação e a fazia da melhor maneira possível, eu era muito diferente das outras centenas de mulheres com as quais ele havia transado. Eu rebolava sensualmente sobre ser pênis já rígido enquanto ele regozijava com minha leve brincadeira.
“Algumas raparigas me disseram que você era ótimo na cama. Que adorava domina-las...”
“Eu realmente... Adoro...”
“Sir. Thierry, eu não sou como elas... Eu prefiro treinar um cão mal educado a ser simplesmente a coleira que cerca seu pescoço.”
“Ora... É a primeira vez que vejo uma mulher falar deste modo...”
“Eu não sou ‘uma mulher’ eu sou ‘a mulher’, aquela que todos querem na cama... Você deveria saber disso...”.
“Sim... Eu sei...”.
Foi depois desta frase que deixei de torturá-lo e ele penetrou-me. Depois de algum tempo naquele ritmo frenético onde estávamos ambos extasiados; depois de algumas horas (eu diria três), ele estava cansado, eu, nem tanto, desejava mais dele a cada nova posição que tentávamos, eu era um vampiro sedento por prazer... Irônico não... Depois de algum tempo ele chegou ao seu limite e eu logo depois, eu desejava ainda mais dele, entretanto vi sua face cansada, suado, com a respiração descompassada e um sorriso de satisfação no rosto. Eu não sorri encarei-o, levantei e me sentei ao seu lado.
“O que houve Marquesa Swann?”
“Nada...”
Eu respondi simplesmente, eu não iria lhe dizer que ainda desejava mais quando ele mal conseguia se manter sentado na cama. Eu peguei o roupão vermelho de seda que estava pendurado ao lado da cama e o vesti. Ele observava minuciosamente meus movimentos, ele queria ver que jóia rara eu era.
Quando o encarei de novo, em pé desta vez, ele percebeu meu olhar de insatisfação, e isso feriu seu orgulho.
“Não esta satisfeita?”
“Não completamente...”
Eu disse me virando para a janela, abrindo-a.
“Parece que eu lhe superestimei Sir. Thierry... Talvez fosse melhor voltar antes que sua mulher dê por sua falta...”.
“Não queres me encontrar de novo Marquesa?”
“Talvez, Sir. Thierry... Se eu não tiver nada melhor para fazer, eu lhe procuro com certeza...”.
“Como podes dizer isso?”
“Bem, pode ficar no hotel... Eu tenho um compromisso de manha, já estou partindo, visto que já vai amanhecer...”.
Eu peguei minhas roupas e as vesti. Não lhe disse nada antes de sair, ele ficou lá com seu orgulho ferido. Ele espalharia a todos se não fosse pelo que eu disse, um homem que não consegue satisfazer uma mulher não é considerado um homem, na concepção dele.
Ao voltar para casa minha mãe me questionou onde eu estivera, e eu lhe respondi:
“Acho que sabe bem onde eu estava pela hora que chego...”
Ela nada mais disse, voltou para seu quarto e me deixou em paz, mais tarde ela me daria um sermão. Eu tinha certeza...
Depois de fazer minhas vitimas voltei à minha mansão, ainda havia tempo ate o final da noite, Ethel, Aires, Zaynab estavam na sala. Sentei-me lá e fiquei a observá-los.
Eu sabia que Ethel era apaixonado por mim, entretanto eu havia amado tanto meu marido que agora, mesmo sentindo um grande apreço por ele, eu não conseguiria ama-lo. Nem que eu quisesse. Quando aceitei me tornar este demônio, eu vi que eu já não possuía os mesmo sentimentos. Era apenas tristeza, solidão e dor em meu peito, eu queria tanto voltar no tempo, eu queria rever aqueles olhos azuis brilhantes que me encantava a cada noite que ele vinha para casa, a cada palavra e gesto que ele fazia para compensar sua ausência durante o dia... Eu queria telo de volta, mas já era muito tarde... Há tempos eu não choro por saudades dele, com o tempo aprendi a chorar por dentro... E este livro foi a única coisa que restou de Meu Amado Lorde... Um presente para sua amada...
Logo deu a hora de voltarmos aos nossos túmulos, fomos cautelosamente para que nenhum humano viesse a nos perturbar... Deitei-me, e novamente fui pega em sono profundo...
Acordei novamente, não sairia hoje como antes, fiquei em meu quarto lendo meu livro e novamente relembrando.
Já haviam se passado um ano, eu iria me casar em seis meses e os preparativos já estava sendo feitos. Eu me casaria com um homem de 21 anos de idade, a mesma idade que a minha... Eu estava feliz, nos falávamos pelo telefone a noite, nos encontramos para alguns jantares... Parecia-me que ele trabalha durante todo o dia... Mas estava tudo bem, afinal de contas ele me amava, e eu estava começando a me encantar por ele... Éramos perfeitos, feitos um para o outro, e mesmo que não fosse eu faria de tudo para que fossemos...
Ironicamente, ele me dissera que me viu pela primeira vez saindo do hotel onde eu havia acabado de ter sexo com Sir. Thierry, que felizmente morreu de acidente três meses depois... Fiquei envergonhada por aquilo, tentei me explicar, mas para ele não fazia diferença, o importante é que eu estava ali e que eu seria sua mulher para sempre... Ele não se importava com meu passado, queria apenas fazer parte de meu futuro agora...
Logo chegou o dia do casório, todos estavam ansiosos pela cerimônia; diferente de todos os outros casamentos, este fora a noite. Eu não lhe queria causar nenhum incomodo, logo não pestanejei sobre isso... Eu realmente estava apaixonada por ele, não fizemos lua de mel por seu constante trabalho... Eu não o culpava, ele deveria arcar com suas responsabilidades como o homem da casa, e eu como uma boa esposa, ficava em casa ou saia para compras, tínhamos empregados para fazerem os serviços domésticos; ele nunca havia me negado nada e não exigia nada de mim alem de fidelidade e amor... E eu o amei incondicionalmente...
Lorde Helder F. U. Yeva era um encantador marido, apesar de só nos vermos a noite, ele fazia de tudo para compensar sua ausência, mesmo que um pouco. Eu lhe disse uma vez que sentia sua falta, que me sentia só sem ele por perto todos os dias... Ele ficou triste, muito abatido e eu me culpei internamente por tempos, eu havia sido a causadora de tal lamento, eu o amava e desejava que ele fosse feliz comigo, mas o que fiz com ele foi imperdoável...
Outra noite ele voltou para casa mais tarde que de costume, e com um presente para mim... Eu o abri ansiosa, era um livro, um livro que eu queria adquirir a muito tempo, um edição rara... Eu lhe perguntei como havia conseguido-o, e ele me dissera que fez aquilo para que eu me sentisse mais feliz, ele disse que não queria me ver melancólica, que isso partia seu coração... Ele havia percebido que era aquele o único que faltava de minha coleção...
Eu me deitei em seus braços e adormeci, e como sempre, na manha seguinte, ele não estava mais lá, apenas um bilhete...
Desci para a sala e comecei a ler o jornal... Parecia-me que uma epidemia havia se instalado em Romênia, e os oficias da Inglaterra acreditavam que ela havia se alastrado até aqui, fiquei assustada com a quantidade de vitimas mortas... Era assombroso...
Depois de um tempo, jovens começaram a caçar as pessoas que “contraiam a doença”, eles eram chamados de Caçadores de Vampiros, eles saiam a noite em busca destes monstros, eu rezava durante o dia para que meu marido viesse a ficar bem... Eu esperava na sacada como de costume, eu o via chegar a toda noite...
Naquela noite, pedi-lhe que tomasse cuidado nas ruas, os boatos eram de que eles jovens caçadores matavam todos que considerassem perigosos ao bem estar da sociedade... Ele me disse para ficar tranqüila, que ele tomaria mais cuidado dali para frente, mas mesmo assim fiquei apreensiva...
Novamente lendo o jornal, vi que o homem que lhe havia começado este tumulto na Romênia havia sido o Conde Vlad Tepes, mais conhecido como Drácula...
Eu estava perplexa, eu o havia conheci na adolescência, como pudera ele ser um demônio tão malicioso e perverso como os rumores o descreviam... Contei ao meu marido sobre isso e ele ficou chocado, questionou-me sobre varias coisas estranhas, eu as respondi sem mentir, ele não me explicou o porquê daquilo, mas ficou mais aliviado após minhas respostas...
Logo deu à hora de voltarmos para nossos túmulos, todos saíram primeiro como de costume, eu fiquei lá mais um pouco, fechei meu livro e fui para meu caixão... Na noite seguinte passamos por um conturbado problema, humanos haviam vindo olhar a casa para a compra, apesar de ela não estar à venda... Eu procurei um humano influente na cidade que eu pudesse persuadir a não coloca-la à venda, com minha personalidade persuasiva e sedutora fiz este homem comprar a casa e certificar-se de que ninguém viesse a comprá-la ou derruba-la, estávamos seguros por agora, logo eu teria de encontrar um humano para poder morar aqui, mas eu não sabia quem...
Na outra noite voltei com fome, com muita fome... Comi como se fosse dormir por anos, mas era apenas sede de sangue... Ah... E depois daquela maravilhosa refeição, eu dormi por dias... Minhas energias estavam totalmente repostas, eu estava me sentindo muito bem.
Voltei a me lembrar dos tempos em que eu era normal... Foi naquela noite... Naqula noite que vi matarem meu marido...
Eu estava na sacada esperando-o como de costume, já estava muito tarde mas eu ainda o esperava, percebi que ele chegava pela floresta, sorri de felicidade, já estava ficando apreensiva... Entretanto minha felicidade esvaiu-se em segundos, vi que ele apontava e desci correndo as escadas para encontrá-lo, mas quando cheguei fora de casa, ele estava cercado por homens e mulheres, senti um odor forte e fétido, era alho! Porque eles estariam fazendo isso com meu marido?! Eu não conseguia entender.
“Helder! Helder! Soltem meu marido!”
Eles avançaram sobre ele enquanto algumas pessoas me seguraram para que eu não fosse até ele.
“Seus loucos! Soltem-no! Soltem-no!”
Eu consegui sair dos braços daqueles que me seguravam, passando dificilmente por todos aqueles imundos e fétidos homens que teimavam em segurar meu marido como se ele fosse uma besta ou algo do tipo. Eu consegui chegar até ele, porem ele estava diferente. Seus olhos azuis já não reluziam o mesmo prazer... Ele ainda não havia me visto, era claro isso... Eu fui até ele e o abracei, instantaneamente ele recobrou a consciência...
“Valentina!”
Foi o que ele disse, um homem aproveitou sua guarda baixa e empurrou-o para o chão enquanto outros seguravam seus membros para que não se movesse e, novamente, outros me seguraram.
Eu tentava escapar, mas era em vão... Foi então que eu vi, quando ele já estava totalmente imobilizado, o que supostamente seria o líder perfurou-lhe o peito com uma estaca... Fiquei chocada e comecei a gritar e chorar... Eu os vi também cortarem a cabeça de meu marido enquanto ele se contorcia no chão... Eu me soltei da mulher que me segurava e fui ate seu corpo no chão, abracei-o chorando e praguejei a todos gritando.
“Tirem-na daí! Temos que queimar o corpo deste monstro! E verifiquem se ela não é um deles!”
Dois homens me tiraram à força, eu gritava e chorava, eu lhes implorava que parassem com aquilo, mas eram ignorantes demais... Eles sim eram monstros... Deixaram-me caída no chão chorando quando o líder do bando veio me confortar...
“Ele era um monstro... Teve sorte de ter escapado, quem sabe o que ele faria com você...”.
Eu parei de gritar por um instante, eu puxei a adaga que ele tinha na cintura e perfurei-lhe o coração.
“Monstro... Eu só estou vendo você aqui! Você é o monstro aqui!”
E enquanto eu repetia isso, ia perfurando-lhe com a faca todo o peito. Ele estava morto, era obvio, mas minha raiva era tanta que eu fiquei a esfaqueá-lo, em certo momento, não sei ao certo, comecei a rir maldosamente... Eles ficaram com tanto medo que nem se atreveram a chegar perto... Depois me levantei e me virei para os outros que ainda restavam ali...
“Vocês... Vocês sim merecem a morte... Que morram todos!”
Eles se foram apavorados, no outro dia com certeza estariam vários oficiais para me prenderem por homicídio... Eu voltei para casa, peguei meu livro e desci novamente para o que agora eram os restos mortais de meu marido...
Peguei o crânio dele em minha mão, machuquei-me, mas relevei a dor, fui até o porão de minha casa, um lugar que somente eu conhecia... Com uma faca que havia encontrado por ali perfurei meu peito e cai no chão, agarrei junto ao ferimento o crânio de meu marido... Enquanto eu vagarosamente morria, fui percebendo que agora tudo fazia sentido, o porquê das ausências diárias estava explicado...
“Eu quero... Estar... Contigo... Sempre...”.
Foram minhas ultimas palavras, eu havia acabado de morrer ali.
Eu estava fora da minha casa... Eu havia me tornado uma alma naquele momento, eu acho... Uma carta branca caia do céu em minha direção, mas não fui capas de pega-la, um outra, agora negra, caia, eu tentei pega-la, mas minhas mãos foram envoltas por outras mãos... Mãos que eu conhecia...
“Você não deveria ter feito isso Valentina...”.
“Helder...”.
“Eu nunca quis isto para você... Desculpe-me, não fui capaz de protegê-la...”.
Eu o abracei forte, eu podia senti-lo um pouco.
“Não me deixe... Eu quero estar contigo... Por favor...”.
Eu olhei em seus olhos, eram tristes e os meus também... Ele me deu um ultimo beijo na testa e desapareceu dizendo: Eu te amo Valentina Yeva...
Acordei três semanas depois, eles haviam vendido minha casa, meus ossos ainda residiam ali naquele porão...
Quando voltei para cima, os novos moradores se assustaram, gritavam dizendo que eu era uma assombração. Três dias depois eles se mudaram... Eu não sabia como eu ia dormir todos os dias, e também não sabia por que acordava todas as noites naquele porão...
Durante muito tempo vivi ali, somente ali, aquelas comidas que eu adorava já não de saciavam... Eu estava muito fraca...
Sai de casa durante a noite, não havia ninguém nas ruas... Eu também já não sabia quanto tempo haviam se passados...
Anos depois da morte do Conde Drácula, quando a historia dos vampiros já era passado, eu encontrei Zaynab pela primeira vez, ela era uma jovem moça de belas feições, eu havia mordido-a enquanto voltava para minha casa/túmulo. Três dias depois ela veio atrás de mim, ela disse-me que eu era a única pessoa que ela conhecia que sabia como passar por isso... Eu discordei no começo, mas depois a deixei ficar, mas eu lhe disse que ela deveria servir a mim...
Alguns meses se passaram e Aires veio até mim, outra de minhas presas que haviam sido pegas por esta maldição... Eu o deixei ficar e como para Zaynab, eu lhe ensinei o que deveria fazer para sobreviver ali...
Mais alguns anos se passaram, um jovem intercambista veio estudar aqui... Durante um passeio noturno pela cidade eu o mordi e deixei seu corpo jogado pela rua e fui-me embora... Três semanas depois ele me encontrou em uma casa enquanto eu me alimentava...
Quando percebi sua presença, eu fugi, mas ele me seguiu até que tentei dar um basta.
“O que quer comigo criança?”
“Foi você que me transformou nisto não foi?”
“E se fosse... Quer vingança?”.
“Não... Eu quero você...”.
“Como disse?”
“Quero você... Para mim...”.
“Desculpe criança, mas eu sou casada...”.
“Eu não me importo...”.
Seu olhar era determinado, ele não se renderia eu podia ver... Aires e Zaynab apareceram atrás de mim, ele olhou indagando-os. Ele podia ler a face de cada um de nós... Ele sabia exatamente o que pensávamos, mas apesar disso, seu poder era menor, menor que os meus todos eram...
“Você vai levá-lo para casa Yeva?”
“Eu não acho uma boa idéia, não sei se seria seguro, acho melhor deixarmos ele ai...”.
“Aires e Zaynab são meus servos, se você quiser pode se tornar um...”.
“Um servo... E eu servirei a você por quanto tempo?”
“Até que eu lhe permita sair...”.
“Não me parece muito ruim...”.
“E não é... Você aceita?”.
“Mas é claro que sim.”.
Nós quatro voltamos para a mansão, eu pedi a ele que buscasse seus ossos caso não tenha sido enterrado para que o enterrássemos ali com eu havia feito com os outros... Induzi um humano a fazer este trabalho, ele o fez e eu o deixei ir... Um dia ele avançou em minha direção, Aires e Zaynab o puniram severamente deixando-o sem alimento sob minhas ordens... Depois deste incidente ele não mais fez aquilo de novo... Ficamos a viver ali serenamente, mas a cada dia minha vontade de continuar vivendo ia se perdendo, eu lia e relia o meu livro em uma cadeira ao lado da cama, outrora eu ai ate a sacada na esperança de meu marido voltar... Era inútil...
Zaynab contou á Ethel sobre meu marido, e foi isto que o fez parar de desejar tanto o meu amor para entender o que eu sentia...
Ah, ele era uma criança, mas com o tempo foi amadurecendo, junto com os outros...
“Vocês já não precisam mais me servir... Se for de seu desejo vocês podem ir...”.
“Eu não quero ir... Permanecei ao seu lado...”.
“Eu também não... Eu dedico-me inteiramente a você Lady...”
“Eu me sentiria muito só se fosse embora...”.
Eu encarei os três um pouco surpresa por suas atitudes, mas dei um sorriso em resposta...
Voltamos a viver como antes, nas nossas monótonas e melancólicas vidas...
Eu já lia aquele livro não sei quantas vezes, já havia perdido a conta, mas aquilo era a única coisa, a única coisa que havia restado de meu falecido marido...
Quando eu lembro de seus olhos a me ver naquele tumulto eu vejo que seja como for eu sempre o amarei... E é por isso que me vou agora para longe... Vou agora dormir eternamente para que quando meu amado volte eu estar com meu belo vestido de noiva branco pronta para novamente nos casarmos...
E durante muito tempo dormiu, dormiu eternamente sabendo que se marido nunca voltaria, os outros continuaram vivendo suas vidas na mansão até que, certo dia, seguiram o mesmo caminho que ela...
Alguns séculos, um historiador encontrou em um porão abandonado, um livro e um gasto e o corpo de uma mulher vestida de noiva, quase intacta.
No final do livro havia toda a historia da mulher, sobre seus amores e sobre seu sofrimento...
Havia também uma dedicatória:

“Mesmo que você não volte... Mesmo que leve séculos... Mesmo que eu nunca mais vá vê-lo... Mesmo assim, vou estar naquela mesma sacada esperando você entrar pela porta... Eu vou esperar você eternamente... Mesmo que eu não possa sonhar, nem ver o tempo passar neste caixão, eu espero ansiosamente por ti...

Eu te amo Lorde Helder Faullen Uchoa Yeva e estarei eternamente a sua espera...
De sua amada esposa Valentina Yeva... “

Já era de noite, quando o historiador acabara de ler o livro, ele olhou novamente para a mulher, ela abriu os olhos desejando sangue e cravou seus dentes no pescoço do homem, matando-o.

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